quarta-feira, 18 de abril de 2012

Padre da ditadura argentina pode pegar perpétua

Fonte: Unisinos



O padre argentino Christian Von Wernich, acusado de 7 homicídios, 31 casos de tortura e 42 seqüestros durante a ditadura militar (1976-83), pode ser condenado hoje à prisão por crimes contra a humanidade e genocídio. Von Wernich, de 69 anos, seria assim o primeiro padre católico das Américas condenado à cadeia por tais crimes. A reportagem é de Ariel Palacios e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 9-10-2007.

O Tribunal Federal Número 1 da cidade de La Plata, capital da Província de Buenos Aires, anunciará entre hoje e amanhã o veredicto e a sentença. A promotoria pediu ontem prisão perpétua para o ex-capelão da polícia de Buenos Aires. O réu acompanhou atentamente ontem os últimos argumentos da promotoria no tribunal. Há a expectativa de que o padre faça um pronunciamento hoje, antes do anúncio do veredicto.

Von Wernich, que em diversas ocasiões fingiu ser amigo dos prisioneiros políticos, conseguia deles, por meio da confissão religiosa, informações secretas sobre colegas dos detidos que estavam na clandestinidade. Von Wernich repassava a informação aos oficiais.

Além disso, o padre é acusado de torturas psicológicas e de ter pedido dinheiro a famílias de presos. Ele dizia às famílias que com o dinheiro subornaria guardas para garantir a liberdade de parentes detidos e pagaria passaportes falsos e passagens aéreas para o exterior, onde estariam a salvo. Parentes de presos pagaram ao padre, que embolsou o dinheiro. Para manter a farsa, Von Wernich acompanhou um grupo de presos no transporte até um descampado na Grande Buenos Aires, onde os prisioneiros, que esperavam a liberdade, foram fuzilados.

Se for condenado à prisão perpétua, Von Wernich seguirá o caminho de um velho amigo dele, o ex-diretor de investigações da polícia de Buenos Aires Miguel Etchecolatz, condenado em setembro de 2006 por torturas e assassinatos de civis durante a ditadura.

Ambos eram homens de confiança do general Ramón Camps, já falecido, que defendia o extermínio dos prisioneiros políticos, além da morte de seus filhos, pois considerava que “a subversão era hereditária”.

Von Wernich também participou dos “vôos da morte”, dos quais presos eram jogados, ainda vivos, no Rio da Prata. O padre abençoava os oficiais que jogavam os prisioneiros.

Após o fim da ditadura, Von Wernich fugiu para o Chile, onde foi descoberto em 2003 e extraditado para a Argentina. Segundo os advogados das vítimas, ele foi uma peça emblemática do mecanismo da ditadura para eliminar todo tipo de opositores. O regime militar foi responsável pelo assassinato de 30 mil civis.

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